a crítica
Numa resposta de efeito pragmático, Hollywood despendeu de 200 milhões de dólares para conceber a terceira sequela da adaptação de BD da Marvel mais rentável até à data, elaborando uma acção de marketing que, à semelhança do que tem estado a ser feito com, por exemplo, «Transformers», se baseia na criação de altas expectativas. Porém, perante este tipo de filmes que mais se pode esperar do que puro entretenimento e efeitos especiais de primeira linha? Esta é inevitavelmente a pergunta que paira no ar após as quase três horas de filme que compõem mais uma aventura do Homem-Aranha. Mas não será mesmo esta a solução para um tipo de película que cada vez mais se afirma como o grande filão de blockbusters que a indústria norte americana se propôs a explorar sem meias medidas a partir de finais da década de 90? É precisamente este o tipo de filmes que rende, que faz milhões de espectadores acorrer até às salas de cinema. Senão, repare-se nos box-office dos últimos anos: «Piratas das Caraíbas», «Sin City», «300», «Quarteto-Fantástico», «Hellboy», «Hulk» e afins, são filmes que exploram a acção de forma descomprometida apelando a todas as faixas etárias e aumentado consideravelmente as suas receitas. Discutir se este é um bom ou mau motivo para se fazer cinema é sobretudo uma questão de ponto de vista e cada qual terá a sua opinião. «Homem-Aranha 3» é indiscutivelmente um excelente exercício de entretenimento e acção, com uma história algo vazia é certo, mas mais uma vez eficaz. As discrepâncias entre a BD e o filme são óbvias, mas há que ter em consideração que não é fácil comprimir vários livros com intermináveis continuações em 2h30 de filme. Se existe um ponto fraco neste filme, é no casting, que continua a não ser feliz nas suas escolhas. Topher Grace é um Venom fraquinho, Tobey Maguire continua a não convencer e Kirsten Dunst não é definitivamente a Mary Jane dos livros. Para além do óbvio negócio franchise e de toda a máquina que esta produção sustenta, «Homem-Aranha 3» cumpre os seus objectivos a toda a linha, mas continua a ser um filme do mais superficial possível.”Paulo Figueiredo, Cinema PTGate