a crítica
Foi à cerca de um ano atrás que as primeiras campanhas de publicidade a «Transformers» apareceram, criando desde logo uma enorme expectativa em seu redor. Entretanto, muita tinta correu, desde ferozes críticas dos fãs da série de animação até às desavenças entre o realizador Micheal Bay e o produtor Steven Spielberg, tudo serviu para manter bem fresca esta mega produção de custos astronómicos. Mas a fé que a Hasbro aparentava ter no projecto disfarçava a ideia de que «Transformers» iria ser tornado numa gigantesca máquina de fazer dinheiro à conta de nostalgias e efeitos especiais de ponta. O próprio Bay disse que houve a toda a hora um considerável controlo da companhia criadora dos robots ao rumo que a película estava tomar. Olhando agora para o resultado final, não deixa de ser desapontante a forma que lhe foi dado e criado irredutivelmente um blockbuster de verão com exclusivo intuito de fazer fortunas nas bilheteiras. Neste aspecto, o upgrade das máquinas nas quais os robots se tornam, permitiram a negociação de valores absurdos entre produtores e marcas de automóveis, passando pelas marcas de computadores e telemóveis numa disputa de interesse económico, que nada tem haver com cinema. Já vimos este movie marketing com bons resultados («Eu, Robot», por exemplo), mas aqui simplesmente destrói o filme. Por outro lado o argumento vazio e sem substância também erradica qualquer interesse paralelo, com direito a moralismos de última hora de fazer rir o morto. A história inicial narrada é bastante bem conseguida, mas nunca tem o seguimento desejado em termos dramáticos e cai na patetice despegada de gags no mínimo absurdos. Povoado de incontáveis spoilers, «Transformers» é mais um episódio negro de Hollywood, salvo pela magia dos informáticos, cada vez mais preponderantes neste género de filmes. Será esta a nova geração do cinema? Um aprofundado conjunto de simulacros computorizados, transmitidos à velocidade da luz e cujo impacto nos dá a parecença de um filme? «Transformers» dá-nos uma resposta essencialmente positiva, pois aqui os verdadeiros protagonistas não são os actores de carne e osso, mas as máquinas. Nota máxima pelos robots e mínima por tudo o resto.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate
Plano único: oferecer total protagonismo aos efeitos CGI dos bonecos mutantes; reduzir emoção e humanos a figuras descartáveis.”
José Miguel Gaspar,
Jornal de NotÃcias