Os Filhos do Homem (2006)

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a crítica

A carga conceptual de certos filmes do passado conseguiu a proeza de superar a incapacidade de meios ou de talento, e contra corrente originar um certo culto volta dessas mesmas películas. Estou a lembrar-me de "12 Macacos", "Soilent Green", "28 Dias Depois", "Carne Humana, Precisa-se", etc, etc...
A explicação possível é a necessidade das pessoas em sentirem-se enquadradas num universo alternativo, que cujo dramatismo ou ficção as eleve a um patamar de conhecimento da realidade que normalmente não encontram no quotidiano. Essa é uma das forças do próprio cinema: sugerir universos alternativos e despertar o voyeur que há em todos nós e saber o que aconteceria em determinadas circunstâncias...aos outros! Esta introdução serve para explicar que a mais recente proposta de Alfonso Cuarón é um destes casos.
Toda a história nos é dada de mão beijada desde o início e todo o acréscimo que poderia vir em assistir ao filme, desvanece-se na amarga tomada de consciência da realidade. Ou seja, a acção desenrola-se sempre num lógica de sugestão ao espectador e nunca revela nada para além daquilo que já temos ideia desde do início. Clive Owen vive um marasmo épico, ao deambular perdido a fugir sabe-se lá do quê pelos pobres cenários pseudo-apocalípticos, e Julianne Moore revela que ultimamente os seus papéis são escolhidos com base no medíocre ("The Forgotten", "Laws of Attraction" e "Freedomland" não deixam margem para dúvidas). "Os Filhos do Homem" é tão estéril como um deserto de ideias, de onde só se extrai o argumento que neste caso seria a própria areia.”
Paulo Figueiredo, Cinema PTGate
A fragilidade da obra decorre porém da fragilização da intriga, que não perde tempo em explicações nem gasta muita conversa. OS FILHOS DO HOMEM aproxima-se do registo do thriller convencional, em que o herói assume a missão de adiar o fim do mundo.”
Maria do Carmo Piçarra, Premiere