a crítica
Trata-se de um equívoco, considerar os filmes realizados por cá nos últimos meses, de nova vaga de cinema português. Isto, porque confundir quantidade com qualidade tem muito que se lhe diga. Os riscos são vários. Desde logo, porque abala a credibilidade do cinema português, que actualmente se tem vindo a perder por entre modernices plagiadas de autores consagrados e a intromissão das estações de televisão, que insistem em utilizar actores de telenovelas em longas-metragens e em adaptar o formato televisivo para o cinema. O segundo e provavelmente maior risco, é o papel do próprio público que, pelos comentários no ciberespaço, irão quase em definitivo deserdar o cinema português, com claros custos para as gerações vindouras.
«Second Life» enquadra-se nessa perspectiva pela incrível postura arrogante de ser "o filme que você estava à espera" e ao argumentar orgulhosamente a participação do jet set nacional da televisão. Ora, isto não faz um filme, mas ajuda nas receitas de bilheteira, ainda mais quando até participa um convidado especial chamado Luís Figo, que por sinal faz parte dos produtores com a sua fundação.
O pior é que com tantas expectativas criadas, «Second Life» defrauda totalmente o espectador com uma pseudo-história sem pés nem cabeça, que até se dá ao luxo de estabelecer uma problemática (que até é um ponto de partida para um bom filme) e no fim sugere uma série de fins alternativos e incumbe o espectador de resolver a trapalhada em que entretanto o filme se meteu.
Se existe algum mérito em «Second Life», é o de conseguir apresentar uma série de bons planos e sequências esteticamente interessantes (o plano em aproximação do balão e a sequência na esplanada entre Piotr Adamczyk e Lúcia Moniz), e de proporcionar a Nicolau Breyner o benefício da dúvida depois das tristes aparições em «Arte de Roubar» e «Contrato». Trata-se de muito pouco para uma película que queria revolucionar o cinema português.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate
Em 1944, Brás Alves, um homem rico, com arroubos de cineasta e problemas sentimentais, resolveu fazer um filme e honrosamente pagou-o do seu bolso - chamou-se "O Violino de João" e é considerado o pior filme da história do cinema português. Já não.”
Jorge Leitão Ramos,
Expresso