a crítica
O discurso crítico do choque tecnológico, em que se acusam as produções hollywoodescas de exagerarem nos efeitos especiais, já não causa grande choque a qualquer cinéfilo mais atento aos paradigmas cinematográficos dos nossos dias. Mas não deixa de ser interessante que este debate, que gira à volta da ideia de que actualmente os filmes usam e abusam dos efeitos visuais e desta "nova" tecnologia CGI que revolucionou o cinema em poucos anos, seja mantida sempre que apareça um novo filme em que a aposta seja precisamente a de, através das infinitas possibilidades dos programas informáticos, dar azo à imaginação e oferecer avassaladoras experiências visuais aos espectadores. Neste regresso do Sr. Catástrofe (Roland Emmerich), realizador de «O Dia da Independência» e «O Dia Depois do Amanhã», esta discussão aparece mais pertinente do que nunca. O que nos é oferecido em «2012» é a possibilidade de assistirmos, em modo VIP, ao fim do mundo, segundo a profecia Maia, que ocorrerá a 21 de Dezembro desse ano, pelas forças destrutivas do Sol. São-nos oferecidas colossais nuvens vulcânicas, tremores de terra que atingem a escala 10 de Richter e maremotos de 2 km de altura, tudo com efeitos especiais de ponta e resultados visuais fascinantes. O entertenimento é, claro, garantido, com perseguições alucinantes, aterragens no limite e até pequenas situações transformadas em decisões de vida ou morte. O grande problema deste filme, é precisamente o momento em que começamos a pedir mais conteúdo e menos entertenimento no-brainer. A resposta nunca chega, porque aparentemente é apenas isso que Emmerich nos propõe: 2 horas de escapismo em formato série B, não fosse a quantidade milionária de dólares que a produção dispendeu, em que os efeitos delirantes do espectáculo visual anulam qualquer tipo de emoção humana que não seja a do espanto.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate
Um filme cansativo e que provoca mais risos do que emoção.”
Manuel Cintra Ferreira,
Expresso