A Era dos Ignorantes (2007)
a crítica
É dificil perceber porque razão este filme de Denys Arcand, que estreou em França em 2007, só agora chega às salas portuguesas, ainda por cima numa época em que o mais provável é que seja completamente ignorado em detrimento dos blockbusters de Verão. O que me resta é a tarefa de recomendar o visionamento a quem também procura cinema sério, feito com base no retrato social. É sobre isto que «A Era dos Ignorantes» fala: sobre uma Europa deprimida e sarcástica embrenhada em injustiça social e crise financeira, e na alienação da juventude. Arcand retrata um homem de família, Jean-Marc Leblanc (excelente Marc Labrèche), que abdicou dos seus sonhos para ocupar um lugar de funcionário público em que passa o tempo a ouvir os problemas dos outros. Em casa a esposa vive obcecada com o trabalho e relacionamento extra-conjugal com o patrão e as filhas ignoram totalmente a existência do pai. O resultado da insatisfação de Jean-Marc Leblanc é a fantasia e a alienação, diz-nos Arcand. Nos constantes sonhos de Leblanc, este quer ser político, escritor, rodeado de mulheres bonitas e disponíveis, mas rejeita as fantasias dos outros, mesmo sendo fantasias mais reais do que as suas próprias escapadelas. Um inocente egoísmo que o levará ao isolamento. O final é um tanto quanto enigmático, do qual se podem tirar várias conclusões. Eu tenho a minha, espero que o leitor vá ver o filme, e fique com a sua.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate
(...) é bom reencontrar um cineasta que nunca desiludiu.”
Jorge Leitão Ramos,
Expresso