a crítica
Um dos pecados mortais de Hollywood dos últimos anos tem sido a aposta no seu star system como meio de promoção dos filmes e consequentes receitas positivas. Desta forma não é incomum verificarmos que muitos dos filmes mais bem sucedidos, fazem um claro investimento de personificar uma trama num actor de créditos firmados, daí também o ranking de cachets milionários que as estrelas recebem: quanto maior for a sua rentabilidade, maior é o seu prémio. Este sistema sempre existiu, é verdade, mas na última década, podemos enumerar vários filmes que se valem de um cast repleto de nomes chamativos para colmatar o argumento menos excitante ou um realizador menos ele próprio uma estrela. O novo filme de Soderbergh junta porém um dos mais famosos cineastas da actualidade a um leque de actores que dispensa apresentações. O motivo de tanta estrela cintilante começa desde cedo no filme a parecer injustificado. Gwyneth Paltrow tem um papel fraco e escasso, Jude Law protagoniza o seu mais papel mais vazio de sempre e Laurence Fishburne não passa de um décor. Matt Damon, Marion Cotillard e Kate Winslet são outros nomes sobejamente conhecidos do grande público. O filme propriamente dito fala de uma doença misteriosa, da qual durante a acção são dadas diversas explicações científicas e pouco claras, que se alastra por todo o mundo, dizimando milhões de pessoas. Soderbergh opta por filmar o drama íntimo dos principais intervenientes, focando a objectiva em grandes planos, evitando as panorâmicas que podiam traduzir «Contágio» num filme catástrofe. Soderbergh evita deliberadamente essa tendência emmerichiana, para manter a trama num plano mais realista e pessoal. Se por um lado, a opção é válida e privilegia a performance dos actores (cujas personagens paradoxalmente carecem de espessura), falta-lhe claramente por outro, a dimensão dramática de um filme que se quis à escala global.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate
É um filme-catástrofe sem ceder um cisco à espectacularidade de que Hollywood gosta. Chama-se realismo - e é muito bem feito.”
Jorge Leitão Ramos,
Expresso