O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012)
a crítica
Nove anos após «O Regresso do Rei» eis que Peter Jackson volta a ser o nosso guia através do universo fantástico criado por JRR Tolkien, sendo o livro «The Hobbit» motivo da revisita à Terra Média. O principal interesse deste filme, quanto a mim, residia não na fidelidade da adaptação ou no aparato tecnológico utilizado, mas antes na maneira como Jackson iria lidar com um certo status quo que existe à volta dos seus três filmes do «O Senhor dos Anéis». Tidos como absolutos e inquestionáveis clássicos do cinema fantástico, o que faria o realizador neozelandês para dar aos espectadores uma significativa experiência no mínimo similar à que envolveu o estrondoso «A Irmandade do Anel»? Fazia sentido esperar que Jackson trouxesse não só mais experiência como também uma vontade de surpreender, tanto mais que a fórmula dos três filmes anteriores estava já moldada, o que daria (em teoria) mais tempo livre para experimentar outras abordagens ao universo tolkiano. Porém, no fim de «Uma Viagem Inesperada» não pude deixar de sentir que Peter Jackson jogou assumidamente pelo seguro. «The Hobbit» parece mais um interlúdio para qualquer coisa. Um interlúdio visualmente arrebatador, mas que dura inexplicavelmente quase 3 horas. O próprio Tolkien afirmava que este é um livro mais simples e juvenil do que a trilogia do anel e fico com a sensação que Peter Jackson também seria da mesma opinião, pois teve a necessidade de recorrer a flashbacks para conferir mais acção à história, como na fabulosa sequência da batalha dos anões com os orcs às portas de Mória. Mas pouco justifica a presença de tantas panorâmicas, de diálogos literalmente roubados aos três primeiros filmes e de personagens inexplicavelmente mal desenhados (Radagast e metade dos anões que acompanham Gandalf e Thorin). Há uma terrível ausência de clímax e de real dramatismo que as saudades de casa dos anões não preenche totalmente. Perante tão grandiosa produção, visualmente soberba, é penoso quase dizer que o filme é mau, pois não o é de maneira alguma. Apenas parece-me pouco para quem nos tinha habituado ao mais alto grau de entretenimento e escapismo.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate