Borat: Aprender Cultura da América para Fazer BenefÃcio Glorioso à Nação do Cazaquistão (2006)
a crítica
Ora aqui está um filme que daria resmas de papel escrito, de teses e teorias. Um filme cuja relação amor-ódio o torna urgente de descobrir e indispensável de comentar.
Primeiro pelo seu formato que nos faz perguntar: isto é cinema, ou simplesmente uma comédia de mau gosto? Que raio de história é esta, em que um repórter Cazaque atravessa meia América atrás de Pamela Anderson, deixando atrás de si uma série de episódios no mínimo caricatos e na sua maioria ofensivos para com a integridade não só dos seus intervenientes, (aparentemente, alguns, nem saberiam que estavam a ser filmados) como para o próprio espectador.
Depois, será "Borat" minimamente informativo ou cultural, como foram os filmes documentário de Michael Moore? Terá ao menos um papel relevante da perspectiva artística de "pôr o dedo na ferida"?
A minha resposta é não. "Borat" é uma sátira às relações inter culturais. Parodia não só a cultura americana, como o título pode fazer supor, mas igualmente exerce uma caricatura sobre si próprio. A sequência com os judeus é a prova disso. Mas todos estes desenhos da sociedade que visam salientar as diferenças, acabam por resultar em concepções denegridas dos costumes que Sacha Baron Cohen parece querer contestar. Para mais, alguém que subjuga a pretensão de igualdade das mulheres com o argumento do tamanho dos seus cérebro não pode, nem deve ser levado a sério.
Entre o genial e a pura idiotice, "Borat" é o equivalente a uma sessão de stand-up comedy português. Por um lado prova que rir é o melhor remédio e por outro mostra que a estupidez e o ordinário também fazem parte do nosso dia a dia.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate