Elizabeth - A Idade do Ouro (2007)

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a crítica

As biografias épicas, impulsionadas pelo clássico oscarizado «Braveheart» de Mel Gibson, adquiriram um estatuto de potenciais obras-primas, fruto do sucesso comercial de várias películas do género que nem sempre mereceram tal louvor. Felizmente, antes ter sido explorado até à exaustão, outros géneros entraram na rota dos blockbusters, nomeadamente as adaptações de BD, secundarizando o impacto destes épicos históricos.
Protagonizado uma vez mais pela musa australiana Cate Blanchett, «The Golden Age» relata essencialmente as crises de meia-idade da rainha Isabel e a ameaça espanhola sob forma da Armada Invencível. Valendo-se de uma componente estética e visual sempre deslumbrante, o problema está na falta de dimensão dramática, pedindo ao espectador uma aproximação à personagem e cumplicidade que esta nunca consegue transmitir. Não obstante da magnífica prestação de Blanchett, o filme perde o seu fulgor por estar demasiado centrado numa única figura, deixando tudo o resto como mera paisagem e adereço, como é provado na falta de dedicação à paupérrima sequência da guerra e no inconsequente discurso motivador da praxe. Ora, se mesmo esta contínua e exaustiva concentração na protagonista não permite adquirir simpatia com a mesma, o filme acaba por não cumprir o seu principal propósito. Isto, para além da sempre complicada abordagem histórica, que falha em nunca mencionar a importância portuguesa na construção da Armada Invencível e na sugestão de que a Inquisição foi obra exclusiva dos espanhóis. Aliás, a categorização de vilões atribuída aos espanhóis, pode e deve ser bastante discutida. Ficam na retina as interpretações de Clive Owen e Cate Blanchett que disfarçam alguns lapsos, embora no geral, «The Golden Age» fique-se por um filme agradável de assistir.”
Paulo Figueiredo, Cinema PTGate
(...) só se salva se o virmos como uma luxuosa fantasia, descolando da historicidade estrita e viajando por batalhas, palácios e guarda-roupa (fabuloso), se soubermos sorrir com Elizabeth de armadura a brilhar ao sol, qual Joana d'Arc em pose de combate que a verdadeira rainha nunca foi. Mas, mesmo ressalvando as infidelidades, este regresso de Kapur está dramaticamente vários furos abaixo do outro filme”
Jorge Leitão Ramos, Expresso