As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne (2011)
a crítica
Faltarão certamente adjectivos para descrever o quanto este filme, publicitado com tanta pompa e circunstãncia, falha o alvo. O momentum em que Spielberg se dedicou a explorar este seu affair estético não podia ser o pior: primeiro porque para o bem e para o mal, «Avatar» colocou a fasquia num nível bem elevado, segundo porque o Tintim, mesmo tendo uma base de seguidores fiel, remete para o passado e o que hoje me parece que o público procura, é o futuro. Mas mais do que esta noção de temporalidade, é a questão cada vez mais (de)batida do sujeito técnico que deixa as suas obras de arte se envolverem de tal forma nos dispositivos tecnológicos, que pouco lhe restará de humanidade envolvida a não ser o próprio público. Walter Benjamin dizia que com a massificação da cultura virá a perda irremediável da autenticidade da arte e este filme prova que o aparato tecnológico, pelo menos no Cinema, urge que seja refreado com o risco de imersão do espectador numa ilusão da qual resultará uma anulação do factor humano. Espero que o futuro não passe de maneira nenhuma, por aqui.”
Paulo Figueiredo,
Cinema PTGate