A Vida de Pi (2012)

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a crítica

Sabíamos à partida que a adaptação deste livro seria uma obra de extrema dificuldade pela forma como é contada, dando ao leitor a possibilidade de acreditar na versão da história contada por Pi que mais o cativa. A versão fantástica (na qual o filme se debruça), ou a mais realista, resumida em flashback perto do final do filme. É certo que o impacto não é o mesmo, pelo menos no que toca ao impacto no espectador, e talvez sabendo isso, Ang Lee resolveu focar-se na versão mais fantástica com recurso a tecnologia de ponta e que mereceu elogios do homem responsável pelo «Avatar». «A Vida de Pi» é assim um filme que investe com todas as forças na vertente visual, tornando um possível delírio traumático num história palpável e credível. O problema maior é que esta decisão, acaba por afectar a narrativa, dando maior importância ao lado visual, que é o que inevitavelmente marca o espectador no final. Ou seja, precisamente o contrário daquilo que o autor Yann Martel pretendia com o seu conto. Podemos admitir que esta é a visão de Ang Lee sobre «A Vida de Pi», mas se desvirtua o desígnio da obra original, podemos mesmo afirmar que é uma (boa) adaptação?”
Paulo Figueiredo, Cinema PTGate