Há uma sensação agridoce quando tudo termina. É inevitável. É como se este casal fizesse parte da nossa vida e os acompanhássemos numa odisseia de transformação, de evolução, de amadurecimento. Richard Linklater é um dos mais honestos e brilhantes autores no cinema actual e juntamente com Ethan Hawke e Julie Delpy - aqui melhores do que nunca - faz magia da complexa simplicidade do ser. Depois da paixão do amanhecer, depois do amor do entardecer, surge a tragédia do anoitecer. Esta tragédia é, no entanto, genial. Ela faz rir, faz aprender, faz pensar e faz chorar. É tudo tão natural que nem sei se assisti a cinema ou se assisti á magia do cinema desaparecer perante os meus olhos. Só há uma explicação para este filme ser fantástico quando expõe os problemas mais mundanos deste casal - o cândido reconhecimento das nossas necessidades mais básicas - amar e ser amado, compreender e ser compreendido, viver e ser vivido.